sábado, 20 de abril de 2013



Porque é que os jovens abandonam precocemente o desporto?


O desporto valoriza socialmente o homem, proporciona uma melhoria do seu auto-conceito, e a 
aprendizagem de uma modalidade desportiva constitui uma das mais significantes experiências que o ser humano pode viver com o seu próprio corpo. O desporto pode ser algo de muito benéfico na vida de qualquer ser humano, ajudando-o na sua educação e na sua formação pessoal. Numa sociedade cada vez mais exigente em que tudo também parece fácil de obter, os intervenientes do contexto desportivo têm de tomar consciência e preocupar-se com a falta de actividade física e desportiva dos nossos jovens no seu dia-a-dia, como também do seu abandono precoce.
    O abandono precoce surge porquê? pela desilusão da modalidade e do desporto? Pela pressão exterior dos pais e dos técnicos? Do trabalho árduo? Por uma especialização demasiada precoce? Por outros desafios ou outros interesses que surgem na vida dos jovens?
    Num estudo sobre o Abandono e as suas motivações realizado por Oliveira et al (2007) verificou-se que 42% dos individuos abandonavam a natação nos escalões mais jovens (juvenis), em junior 33% e somente 8% em seniores, perfazendo uma média de 16 anos de idade para o abandono da modalidade. As motivações para esse abandono seriam os resultados negativos, a falta de apoio, as lesões, a falta de conciliação dos estudos com o desporto, a rotina dos treinos e a falta de integração social. A consecussão dos resultados desportivos sendo um dos factores de maior influência para o abandono precoce, verifica-se que grande parte dos melhores desempenhos desportivos foram atingidos enquanto nadadores infantis.
    Num estudo realizado com jovens em França verificou-se que as causas de abandono prematuro da prática da Natação Desportiva (Boulgakova, 1990) seriam principalmente a estagnação de resultados, o aparecimento de outros interesses, a dificuldade de conciliar o desporto e o estudo, os problemas ou a mudança de treinador, a influência dos pares, o excesso e a monotonia dos treinos. No mesmo estudo mas com atletas de alto nível os factores de abandono seriam a estagnação, a dificuldade de conciliar o desporto e o estudo, os problemas ou a mudança de treinador, os maus resultados, o excesso e a monotonia dos treinos.
    Num estudo realizado em Portugal sobre as causas das decisões do abandono da Prática Desportiva (Vasconcelos, 2003) nos atletas de elite seriam o cansaço do calendário desportivo, o estilo de vida, a falta de meios para ir mais longe, a consecussão da obtenção dos seus objectivos pessoais, a dificuldade de conciliar o desporto e o estudo, os maus resultados.
    Concluimos pelos estudos que os possíveis factores de abandono precoce desportivo serão os treinos monótonos, os treinos demasiados agressivos, a estagnação e os maus resultados, a dificuldade de conciliar os estudos e o desporto, a envolvência de pares e familiares, finalmente a saturação do ritmo desportivo e competitivo.




Motivação 
    O estudo da motivação tem um papel determinante no conhecimento da formação e da
 educação dos jovens para a prática desportiva. Pois serão factores que conduzem a determinados comportamentos para atingir certos objectivos. Samulski (2002) refere a motivação como a totalidade dos factores que determinam a actualização de formas de comportamento dirigido a um determinado objectivo. São os factores pessoais e sociais que favorecem a persistência ou o abandono de um comportamento. É uma dimensão intensiva em que os indivíduos se dedicam a realizar uma determinada tarefa (Roberts, 1992; Escarti e Cervello, 1994; Escarti e Brustad, 2002). Fernandes (2004) afirma que para melhor compreender o comportamento desportivo dos indivíduos e para mais correctamente e eficazmente intervir, é necessário conhecer as razões pelas quais seleccionam determinadas actividades e nelas persistem. O organismo pode estar preparado ou não, a motivação é um aspecto da selecção do processo, é um aspecto de antecipação ao serviço dessa própria selecção. Sabendo que a motivação são os factores que respeitam a dinâmica comportamental, fomentando a sua participação e persistência na modalidade.
    Santos (2008) realizou um estudo sobre os factores motivacionais que mantinham os indivíduos na prática competitiva e se essas motivações se alteravam com os anos de prática. Verificou-se que os indivíduos que estavam na competição privilegiavam o desenvolvimento de competência/habilidades (as motivações de melhorar as habilidades; aprender novas habilidades) e que quanto mais tempo estavam na competição, a esses factores se somavam os factores da Forma Física ( as motivações de querer ficar em forma, gostar de fazer exercícios, querer estar fisicamente apto) e da Afiliação geral (as motivações de gostar do trabalho de equipa, gostar do espírito de equipa ou de pertencer a uma equipa).
    Um dos factores que evoluiu com o tempo foi o factor da Emoção (gostar de estímulo, gostar de acção, gostar de desafios, querer extravasar tensão e querer ganhar energia).



Autoconfiança  
  Um constructo de grande importância para o ser humano é o da autoconfiança, pois revela a forma como estamos consciente e preparados para realizar algo. Um contexto orientado para a motivação da tarefa é positivo para a Autoconfiança. Cruz e Viana (1996) afirmam que os jogadores mais bem sucedidos ou que competem a um nível mais elevado apresentam valores de confiança mais altos nas suas capacidades e ainda aumentam a sua autoconfiançaquando atingem os seus objectivos. Existe uma correlação directa entre a autoconfiança e o sucesso na competição (Williams, 1993). Quanto mais baixa a autoconfiança do atleta mais importante se torna o sucesso e maior é a importância de se determinar metas alcançáveis.
    Num estudo sobre a evolução da Autoconfiança num contexto de treino com um clima motivacional para a mestria em jovens nadadores (Santos, 2007) verifou-se que existia um acréscimo da autoconfiança nos indivíduos presentes. E que esses valores de autoconfiança aumentavam tanto em jovens do sexo masculino como feminino.
    A autoconfiança por si só não irá transformar o indivíduo no melhor atleta do mundo mas ajuda-lo-á a melhorar, pois a autoconfiança emerge como uma característica essencial dos atletas para se proteger de disfunções de pensamentos e de sentimentos negativos. A boa forma física e a técnica dos jovens reflecte-se nos bons níveis de autoconfiança que se adquirem com o empenho nas tarefas e nas actividades. Num desempenho com sucesso numa tarefa orientada para a mestria espera-se um aumento da autoconfiança porque os indivíduos vão percebendo que as suas habilidades se vão reforçando e melhorando.
    Os atletas que têm uma alta percepção da sua habilidade adoptam um objectivo para a tarefa e perseguem um clima de mestria com uma motivação intrínseca acentuada. Weis e Ferrer-Caja (2002) referem que uma informação vinda de uma fonte exterior num ambiente de aprendizagem é uma influência potencial para a motivação intrínseca dos indivíduos.

    A prática orientada leva ao aumento das representações, passando o atleta a ter um conhecimento mais profundo do que faz. A prática para surtir os efeitos pretendidos não se pode ficar pela quantidade mas principalmente pela qualidade (Alves, 2004). A necessidade de entender o nadador como um indivíduo com um complexo sistema de transformação, disponibilização e utilização de energia (Villas-Boas, 2000). O empenho nas actividades desportivas durante um período tão longo como a modalidade da natação, apenas será possível se tiver um significado e 
um empenho pessoal por parte do atleta (Serpa, 2002).




Treinador 
    No contexto do treino o treinador não se limita ao seu papel de ensino, tem sido um poderoso 
agente social (Brito, 2001). Ele não só estrutura a prática ou as aprendizagens afectando os jovens nas suas percepções de competência, nas suas motivações, nos reforços que comprometem a informação ou a avaliação correspondendo ao desempenho específíco realizado como a realizar a posteriori. O treinador é um elemento que maximiza de forma deliberada a prática, as aprendizagens e as habilidades dos seus atletas de forma a ser o melhor predictor do sucesso dos seus jovens facultando as ferramentas e as fontes necessárias (Salmela, 1996). Cabe-lhe a ele preparar o contexto para potênciar o desempenho desportivo. Ele tem de compreender o modo de intervir e de ter a capacidade de transformar os seus conhecimentos num processo que culmina no produto final.
    O Treinador tem o papel de ser um “facilitador” de aprendizagens, tem de ser um “proporcionador” de ambiente para as aprendizagens, um “estruturador” das tarefas mais adequadas para a aquisição de conhecimentos, de ser um “formador” de atletas e de cidadãos.





“Cada homem deve inventar o seu caminho”


Jean Paul Sartre

Conclusões                                                     

    Neste contexto desportivo tão delicado como o desporto para jovens e crianças será de total importância os intervenientes desportivos estarem conscientes de toda uma complexidade de processos para manter os nadadores na actividade desportiva. Que a formação dos intervenientes desportivos não se fica pelo senso comum, mas sim para uma formação estrutural de forma a estarem sensibilizados às constantes mudanças comportamentais dos jovens. A importância da compreensão dos factores individuais, tal como a melhoria e a formação dos jovens como cidadãos e atletas. E que é possível aumentar a persistência dos indivíduos na modalidade, possibilitando a satisfação das suas necessidades.
    As sugestões seguintes são pressupostos subjacentes para a melhoria e o combate ao abandono precoce das crianças e dos jovens desportistas:

  • Proporcionar uma actividade física saudável;
  • Privilegiar as aprendizagens das técnicas;
  • Exercícios multifacetados;
  • Prática divertida e estimulante;
  • Orientar para uma motivação intrínseca;
  • Auto-estima estimulada;
  • Maior importância ao processo do que ao produto;
  • As atitudes devem ser valorizadas e constantes (ensino);
  • Valores associados à prática desportiva para uma continuidade a longo prazo.
  • Diversificar o treino;
  • Definir os objectivos da prova e do treino;
  • Fornecer imediatamente o FB da prova e dos treinos;
  • Criar um clima de confiança inter e intra equipa;
  • Melhorar as “etiquetas” que facultamos aos nadadores;
  • Elaborar actividades paralelas e extra-desportivas ao calendário competitivo.


quinta-feira, 11 de abril de 2013

Adolescência segundo Sigmund Freud

Desenvolvimento Psicossexual:
Conhecido como o pai da psicanálise, para Freud o desenvolvimento humano e a constituição da mente explicam-se pela evolução da psicossexualidade. Um dos conceitos mais importantes da teoria psicanalítica sobre o desenvolvimento é a existência de uma sexualidade infantil que é sentida através de pulsões. A adolescência é um período singular em que se vivem experiências e encaram-se questões que nunca antes se tinham colocado e que dificilmente se repetem. A mudança, a transformação, a alteração são palavras-chave para caracterizar esta etapa e as modificações são a todos os níveis. O adolescente muda fisicamente assumindo novas formas de um corpo adulto, adquire novas capacidades intelectuais, nomeadamente no pensamento que passa de concreto para abstracto e dá-se inicio ao pensamento puro que traz a capacidade de pensar em hipóteses ou em conceitos abstractos. Esta nova capacidade, leva-o a reflectir e manifesta-se pelo egocentrismo intelectual. O adolescente considera-se apto a resolver todos os problemas e considera também que as suas ideias são, sem dúvida, as melhores. Ele actua como se os outros e o mundo, se tivessem que organizar em função dos seus pontos de vista, apresentando e defendendo as suas convicções pelo pensamento lógico-argumentativo, como foi salientado por Piaget. É também na adolescência que as relações com os pais se transformam no sentido de uma maior autonomia e os pares passam a constituir um ponto de referência e de identificação importante. O jovem inicia o envolvimento em relações de intimidade e partilha, criando uma nova forma de relacionamento e Freud define cinco estádios do desenvolvimento psicossexual, no qual o estádio genital (depois da puberdade) é o que corresponde à adolescência.


Adolescência segundo Arnold Gesell

Desenvolvimento de Maturação: 
Analisou o comportamento infantil através de filmagens e fotografias, nas quais as crianças foram observadas em idades diferentes, estabelecendo pela primeira vez um desenvolvimento intelectual por etapas, semelhante ao seu desenvolvimento físico. Gesell e os seus colaboradores caracterizaram o desenvolvimento segundo quatro dimensões da conduta: motora, verbal, adaptativa e social. Nesta perspectiva cabe um papel decisivo às maturações nervosa, muscular e hormonal no processo de desenvolvimento.





Adolescência e Formação da Identidade por Erik Erikson


Erickson defende que a energia activadora do comportamento é de natureza psicossocial, integrando não apenas factores pulsionais biológicos e inatos, como a libido, mas também factores sociais, aprendidos em contextos histórico-culturais específicos.
Desenvolvimento psicossocial é sinónimo de desenvolvimento da personalidade e decorre ao longo de oito estágios que, no seu conjunto, constituem o ciclo da vida. Cada estágio corresponde à formação de um aspecto particular da personalidade
Um dos conceitos fundamentais na teoria de Erickson é o de crise ou conflito que o indivíduo vive ao longo dos períodos por que vai passando, desde o nascimento até ao final da vida. Cada conflito tem de ser resolvido positiva ou negativamente pelo indivíduo.
resolução positiva traduz-se numa virtude, que é um ganho psicológico, emocional e social: uma qualidade, um valor, um sentimento, em suma, uma característica de personalidade que lhe confere equilíbrio mental e capacidade de um bom relacionamento social.
Se a resolução da crise for negativa, o indivíduo sentir-se-á socialmente desajustado e tenderá a desenvolver sentimentos de ansiedade e de fracasso. Contudo, numa fase posterior, a pessoa pode passar por vivências que lhe refaçam o equilíbrio e o compensem, reconstruindo-lhe o seu auto-conceito.
O conceito de crise é desenvolvido, sublinhando as incertezas e indagações do adolescente no sentido de descobrir quem é e de definir o que virá a ser no futuro. A resposta à inquietação do adolescente só é conseguida pela tomada de consciência de si, do seu ego e de que está apto a assumir a sua verdadeira identidade.
Neste trajecto repleto de interrogações pode necessitar de uma ou várias moratórias, antes da integração de todos os “eus” num conceito de si como ser único e disposto a arcar com as responsabilidades inerentes à construção do seu projecto existencial de vida.
Apesar de ter de ser feita interiormente pelo próprio indivíduo, a construção da identidade necessita do contributo das pessoas significativas com que o adolescente convive. Estas funcionam como um modelo de identificação. Por outro lado, funcionam como um espelho que lhe devolve a imagem que a sociedade tem a seu respeito.
Em termos da constatação da personalidade, Erickson considera a adolescência como a fase mais crítica do ciclo vital. Porém, a crise da identidade pode ocorrer em qualquer fase da vida do indivíduo, manifestando-se por sentimentos incomodativos que se evidenciam por um mal estar típico de quem “não se sente bem na sua pele”.
Erik Erickson afirmava que um indivíduo tinha de construir a sua personalidade durante a adolescência, porém essa construção não era feita de um mesmo modo para todos os adolescentes, ou seja, não era feita de um modo padronizado e linear. Durante esta fase da vida há sempre procura de algo mais, há crises, indecisões, situações conflituosas que têm de ser resolvidas de um modo ou de outro.
Como se sabe, os adolescentes não têm sempre o mesmo tipo de atitudes, ou seja, vacilamos entre vários tipos de identidade, transitando de uns para outros.
Uma vez construída a personalidade, isso não confere um carácter rígido à personalidade, continuando o indivíduo a reorganizar, a cada momento, os elementos integrantes da sua personalidade, ajustando-a, portanto às diversas circunstâncias, do cotidiano, que nos vão surgindo.
Erickson coloca as dimensões institucional, sociocultural, histórica e biológica em interacção, no entrecruzamento dessas influências, Erickson elaborou oito etapas de desenvolvimento psicossocial para representar momentos diferentes de investimento da energia psíquica. É uma etapa que impele o indivíduo a uma redefinição da própria identidade, ao avaliar sua inserção no plano espaço-temporal, integrando o passado, com suas identificações e conflitos, ao futuro, com suas perspectivas e antecipações. Erickson insiste na necessidade de o adolescente fazer uma integração do seu passado e futuro, através de um processo de recapitulação e antecipação.



Adolescência segundo Jean Piaget


1. Estágio Operacional Formal Piagetiano
Piaget afirmava que as mudanças na maneira como os adolescentes pensam sobre si mesmos, sobre os seus relacionamentos pessoais e sobre a natureza da sua sociedade têm como fonte comum o desenvolvimento de uma nova estrutura lógica que ele chamava de operações formais.
O pensamento operatório formal é o tipo de pensamento necessário para qualquer  pessoa que tenha de resolver problemas sistematicamente.
O adolescente constrói teorias e reflecte sobre seu pensamento, o pensamento formal, que constitui uma reflexão da inteligência sobre si mesma, um sistema operatório de segunda potência, que opera com proposições.
Segundo Piaget uma das consequências de se adquirir pensamento operatório formal é a capacidade de construir provas lógicas em que a conclusão seguem a necessidade lógica. Essa habilidade constitui o raciocínio dedutivo.
O pensamento do adolescente difere-se do pensamento da criança, ou seja, a criança consegue chegar a utilizar as operações concretas de classes, relações e números, mas não as utiliza num sistema fundido único e total que é caracterizado pela lógica do adolescente. O pensamento liberta-se da experiência directa e as estruturas cognitivas da criança adquirem maturidade. Isso significa que a qualidade potencial do seu pensamento ou raciocínio atinge o máximo quando as operações formais se encontram plenamente desenvolvidas.
A criança não ultrapassa a lógica elementar de agrupamentos ou grupos numéricos aditivos ou multiplicativos, apresentando deste modo, uma forma elementar de reversibilidade. O adolescente apresenta a lógica das proposições relacionando-a a estrutura de classes e das relações. O pensamento formal encontrado nos adolescentes é explicado pelo facto de se poderem estabelecer as coordenações entre os objectos que também se originam de determinadas etapas da maturação deste sujeito.
No entanto, esta constituição da estrutura, não apenas tem ligação com o aparato maturacional do sujeito, mas também com o meio social no qual este está inserido. Para que o meio social actue sobre os indivíduos é necessário que estes estejam em condições de assimilar as contribuições desse meio, havendo a necessidade de uma maturação suficiente da capacidade cerebral deste indivíduo. Estes factores estão relacionados dinamicamente.
Se o adolescente constrói teorias é porque de um lado, tornou-se capaz de reflexão e, de outro, porque sua reflexão lhe permite fugir do concreto actual na direcção do possível e do abstracto. A lógica não é algo "estranho” a vida do sujeito, é justamente a expressão das coordenações operatórias necessárias para atingir determinada acção.
O pensamento do adolescente tem a necessidade de construir novas teorias sobre as concepções já dadas, no meio social, tentando chegar a uma concepção das coisas que lhe seja própria e que lhe traga mais sucesso que seus antecessores.
São característicos do processo de pensamento, os patamares de desenvolvimento, que leva o nível mais elementar de egocentrismo à descentração, subordinando o conhecimento sempre a uma constante revisão das perspectivas.
O adolescente exercita ideias no campo do possível e formula hipóteses, tem o poder de construir à sua vontade reflexões e teorias. Com estas capacidades, o adolescente começa a definir conceitos e valores. Neste sentido, caracteriza-se a adolescência por um egocentrismo cognitivo, pois o adolescente acredita que é capaz de resolver todos os problemas que aparecem, considerando as suas próprias concepções como as mais corretas (crença na omnipotência da reflexão).
A propriedade geral mais importante do pensamento operacional formal, a partir da qual Piaget deriva todas as demais, refere-se à distinção entre o real e o possível. Ao contrário da criança que se encontra num período operacional concreto, o adolescente, ao começar a examinar um problema com que se defronta, tenta imaginar todas as relações possíveis que seriam válidas no caso dos dados em questão; a seguir, através de uma combinação de procedimentos de experimentação e de análise lógica, tentando verificar quais destas relações possíveis são realmente verdadeiras.
Uma estratégia cognitiva que tenta determinar a realidade no contexto das possibilidades tem um carácter fundamentalmente hipotético-dedutivo. O adolescente ingressa corajosamente no reino hipotético.
O pensamento formal é um pensamento proposicional. As mais importantes entidades que o adolescente manipula, ao raciocinar deixaram de ser os dados rudimentares da realidade e passaram a ser afirmações que contem estes dados. O que é realmente alcançado entre os 7 e 11 anos de idade, é a cognição organizada de objectos e acontecimentos concretos. O adolescente realiza estas operações, mas realiza também algo que as transcende, algo necessário que é precisamente o que faz com que seu pensamento seja formal e não mais concreto. Ele toma os resultados destas operações concretas, formula-os sob a forma de proposições e continua a operar com eles, ou seja, estabelece vários tipos de conexão lógica entre eles. Portanto, as operações formais, na realidade, são operações realizadas com os resultados de operações anteriores.
A partir destas considerações pode-se estabelecer um paradigma inicial de como os adolescentes pensam. Inicialmente organizam os vários elementos dos dados brutos com as técnicas operacionais concretas dos anos intermediários da infância. A seguir estes elementos organizados são transformados em afirmações ou proposições que podem ser combinadas de várias maneiras. Através do método de análise combinatória, eles examinam isoladamente todas as combinações diferentes destas proposições.
Para Piaget o pensamento formal é uma orientação generalizada, explícita ou implícita, para solução de problemas: uma orientação no sentido de organizar os dados, isolar e controlar variáveis, formular hipóteses e justificar e provar logicamente os factos.
As operações formais podem ser caracterizadas não só em termos descritivo-verbais gerais, como também em termos das estruturas lógico-matemáticas que são seus modelos abstractos. As operações interposicionais não são acções isoladas sem relações mútuas. Tal como os agrupamentos das operações intraposicionais dos anos intermediários da infância, elas formam um sistema integrado, e o problema consiste em determinar a estrutura formal deste sistema.
O conjunto de instrumentos conceituais que Piaget chama de esquemas operacionais formais encontra-se num nível intermediário de generalidade.
Grande parte da diferença existente entre o comportamento diário da criança e do adolescente pode ser expressa da seguinte maneira: o adolescente, como a criança vive no presente, mas ao contrário da criança também vive muito na dimensão ausente, isto é no futuro e o no reino do hipotético. Seu mundo conceitual está povoado de teorias informais sobre si mesmo e sobre a vida, cheio de planos para o seu futuro e o da sociedade, em resumo, cheio de ideias que transcendem a situação imediata, as relações interpessoais atuais, etc.
2. O Pensamento e as suas Operações
O que surpreende no adolescente é o seu interesse por problemas inabituais, sem relação com as realidades vividas no dia-a-dia, ou por aqueles que antecipam, com uma ingenuidade desconcertante, as situações futuras do mundo, muitas vezes utópicas, com uma facilidade de elaborar teorias abstractas. Existem alguns que escrevem que criam uma filosofia, uma política, uma estética ou outra coisa. Outros não escrevem, mas falam.
Por volta dos onze a doze anos efectua-se uma transformação fundamental no pensamento da criança, que marca o término das operações construídas durante a segunda infância; é a passagem do pensamento concreto para o “formal” (hipotético-dedutivo).
Quais são na realidade, as condições de construção do pensamento formal? Para criança, trata-se não somente de aplicar as operações aos objectos, ou melhor, de executar, em pensamento, acções possíveis sobre estes objectos, mas de reflectir estas operações independentemente dos objectos e de substituí-las por simples proposições.
O pensamento concreto é a representação de uma acção possível, e o formal é a representação de uma representação de acções possíveis.
As operações formais fornecem ao pensamento um novo poder, que consiste em destacá-lo e libertá-lo do real, permitindo-lhe, assim, construir a seu modo as reflexões e teorias.
3. Processo adaptativo do indivíduo
As reflexões precedentes poderiam levar a crer que o desenvolvimento mental termina por volta de onze anos ou doze anos, e que a adolescência é simplesmente uma crise passageira, devida à puberdade, que separa a infância da idade adulta. A maturação do instinto sexual é marcada por desequilíbrios momentâneos, que dão um colorido afectivo muito característico a todo este ultimo período da evolução psíquica.
Embora o conteúdo exacto das ideias do adolescente varie, tanto numa mesma cultura como em culturas diferentes, este fato não deveria obscurecer aquilo que, segundo Piaget, é o denominador comum importante: a criança se ocupa, sobretudo com o presente, com o aqui e a agora, o adolescente amplia seu âmbito conceitual e inclui o hipotético, o futuro e o espacialmente remoto. Esta diferença tem um significado adaptativo. O adolescente começa a assumir papéis adultos; para ele o mundo de possibilidades futuras pessoalmente relevantes - escolha profissional, escolha do cônjuge, etc. - passa a ser o objecto de reflexão mais importante. De modo semelhante, o adulto que ele será em breve deverá relacionar-se intelectualmente com colectividades sociais muito menos concretas e imediatas do que a família e o círculo de amigos: a cidade, o estado, os pais, o sindicato, a igreja, etc.
Em geral, o adolescente pretende inserir-se na sociedade dos adultos por meio de projectos, de programas de vida, de sistemas muitas vezes teóricos, de planos de reformas políticas ou sociais.
A verdadeira adaptação à sociedade vai-se fazer automaticamente quando o adolescente, de reformador, transformar-se em realizador. A experiência reconcilia o pensamento formal com a realidade das coisas, o trabalho efectivo e constante, desde que empreendido em situação concreta e bem definida, cura todos os devaneios.
Assim é o desenvolvimento mental, constata-se que a unidade profunda dos processos que da construção do universo prático, devido à inteligência senso-motora do lactente, chega à reconstrução do mundo pelo pensamento hipotético-dedutivo do adolescente, passando pelo conhecimento do universo concreto devido ao sistema de operações da segunda infância.
Estas construções sucessivas consistem em descentralização do ponto de vista, imediato e egocêntrico, para situá-lo em  coordenação mais ampla  de relações e noções, de maneira que cada novo agrupamento terminal integre a actividade própria, adaptando-a a uma realidade mais global. A afectividade liberta-se pouco a pouco do eu para se submeter, graças à reciprocidade e a coordenação dos valores, às leis da cooperação; a afectividade que atribui valor às actividades e lhes regula a energia, mas ela atua em conjunto com a inteligência, que lhe fornece meios e esclarece fins.


Caracterização da Adolescência


A adolescência é uma etapa relevante na vida do Homem, que se inicia por volta dos 10 anos de idade e termina por volta dos 19 anos, período durante o qual ocorremdiversas mudanças físicas, psicológicas e comportamentais. 
É uma etapa em que o jovem, depois de proceder ao desenvolvimento da sua função reprodutiva e de se determinar como um indivíduo único, vai definindo a suapersonalidade, identidade sexual e os papéis que desempenhará na sociedade. 

A duração da adolescência está determinada culturalmente. Apesar do aspeto biológico deste fenómeno, as transformações psíquicas são profundamente influenciadaspelo ambiente social e cultural. 

Do ponto de vista biológico, inicia-se quando surgem os sinais físicos sexuais e a capacidade de reprodução. Socialmente é um período de transição que medeia entre ainfância de dependência dos adultos e a idade adulta de autonomia económica e social. Do ponto de vista psicológico, é um período que começa com a aquisição damaturidade fisiológica e termina com a aquisição da maturidade social, quando se assumem os direitos e deveres sexuais, económicos, legais e sociais de adulto. 



De uma forma geral, deverão ainda estar presentes vários outros conceitos para se poder falar em adolescência, nomeadamente: 
- Extroversão: processo psíquico que leva o adolescente a interessar-se pela realidade externa e a desejar estabelecer relações desinteressadas. 
- Crise juvenil: esta crise apresenta uma inquietude motora, maior afetividade, labilidade de afetos e tendência para a dissociação. 
- Identificação sexual: processo de aceitação do sexo como parte da identidade pessoal. Implica assumir papéis, atitudes, motivações e condutas próprias do género.Para este processo é importante que a identidade assumida seja confirmada pelas outras pessoas. 
Em relação ao desenvolvimento cognitivo, o pensamento hipotético-dedutivo consolida-se plenamente. E pode ser aplicado nas áreas pessoais como estratégia pararesolver problemas. 

As capacidades cognitivas do adolescente possibilitam uma maior consciência dos valores morais e uma maior subtileza na maneira como tratá-los. A capacidade deabstração permite ao adolescente interiorizar os valores universais. Nesta etapa o adolescente pode alcançar o nível de moralidade pós-convencional de Kohlberg,onde o sujeito apresenta princípios morais autónomos e universais que não estão baseados nas normas sociais, mas são normas morais congruentes e interiorizadas. 

O desenvolvimento da consciência associada ao domínio da vontade em conjunto com os valores e ideais definidos conjuga-se na formação do carácter definitivo.
 
A adolescência não é marcada apenas por dificuldades, crises, mal-estares e angústias. Ao se abandonar a atitude infantil e ingressar no mundo adulto,  uma sériede acréscimos no rendimento psíquico. O intelecto, por exemplo, apresenta maior eficácia, rapidez e elaborações mais complexas, a atenção pode apresentar-se comum aumento da concentração e melhor seleção de informações, a memória adquire melhor capacidade de retenção e evocação, a linguagem torna-se mais completa ecomplexa com aumento do vocabulário e da expressão. Mas existem vários sinais que o adolescente pode manifestar face a um eventual transtorno psíquico, ondefiguram, por exemplo, o isolamento ou o prejuízo no relacionamento com outras crianças de sua idade, tanto no âmbito escolar como social, tal como o retraimento e afalta de comunicação. Outro sintoma a ser levado em conta é uma rutura brusca na evolução e desenvolvimento normais do adolescente.
Nos adolescentes os transtornos mais comuns são os relativos à depressão, transtornos de aprendizagem, transtornos de comportamento, de ansiedade, problemas depersonalidade e, menos frequentemente, o autismo e a esquizofrenia.

 um processo contínuo de desenvolvimento do aparelho psíquico entre as várias fases da vida da criança e do adolescente. A adolescência caracteriza-se peloafastamento do seio familiar e consequente imersão no mundo adulto. Nesta fase, a pessoa deixa-se influenciar pelo ambiente de maneira mais abrangente queanteriormente, quando o seu universo era a própria família. À medida que os vínculos sociais se vão estabelecendo, um conjunto de características vai sendo maisvalorizado, desde características necessárias para se ser aceite num grupo, até características necessárias para expressar um estilo que agrada não  a si própriocomo ao outro. 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Jovens e a prática desportiva


Desporto na vida dos jovens:
Desporto é uma actividade sujeita a determinados regulamentos e que geralmente visa a competição entre praticantes.
Pode-se ainda definir desporto como um fenómeno sócio -cultural, que envolve a prática voluntária de actividade predominantemente física competitiva com finalidade recreativa ou profissional, ou predominantemente física não competitiva com finalidade de lazer, contribuindo para a formação, desenvolvimento físico, intelectual e psíquico dos seus praticantes e espectadores. Além de ser uma forma de criar uma identidade desportiva com a finalidade da inclusão social.
A Organização Mundial de Saúde –OMS- reconhece a grande importância da actividade física para a saúde física, mental e social, capacidade funcional e bem-estar de indivíduos e comunidades.
Dados da pesquisa do Instituto de Estatísticas feira com 2054 pessoas, entre 18 e 60 anos, apontam que 60% dos entrevistados não praticam qualquer tipo de exercício físico. O índice dos que não praticam qualquer actividade física aumenta de acordo com a faixa etária. O mais alto (66%) regista-se entre os que têm entre 45 e 60 anos. Contrariam a importância da relação “Saúde e desporto”.
Hoje em dia, a probabilidade dos alunos se envolveram em comportamentos de risco, que afectam o bem-estar individual, é cada vez maior, surgindo assim a necessidade de intervir no sentido de os ajudar a serem bem-sucedidos durante a adolescência, juventude e, posteriormente, enquanto adultos.


Estudos e Objetivos:
O presente estudo tem como objectivo, fazer um levantamento acerca da opinião da importância do desporto na vida dos alunos, assim como das suas preferências desportivas e limitações.


Amostra:
A amostra foi seleccionada por conveniência, a partir da população dumas turmas do 10º ano, escolhidos aleatoriamente, no total de 79 indivíduos.



Temos os seguintes resultados do Questionário:

1ª Questão:



 




             





 2ª Questão:

    











3ª Questão:


 











4ª Questão:



 




5ª Questão:

Para ti, qual a importância do desporto?
No geral, os termos mais referidos foram “prazer pela actividade física”, “qualidade de vida”, “é um bem para a saúde”, “aquisição de regras, disciplina e solidariedade”.


Conclusão:
Verifica-se uma grande discrepância entre as respostas obtidas nas quatro primeiras questões. Não havendo concordância entre o desporto favorito/sonho e o desporto praticado, sendo-lhe dedicado no geral, muito pouco tempo semanal para a sua prática.