![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJAzSUaEv1Ev0PeRsam0OsS7vytn9PkaHh7rJiPgPczlSmsdRzz4j5YDgq71dKh3K_zwl4Uf46YwqQRQV74PQisj4l_3KPh7QY_9Fgn-YMn1WLfCiGdGHZ2o_ydaallPi8acLGy2OdKWQ/s320/piaget.jpg)
O pensamento operatório formal é o tipo de pensamento necessário para
qualquer pessoa que tenha de resolver problemas sistematicamente.
O adolescente constrói teorias e reflecte sobre seu pensamento, o
pensamento formal, que constitui uma reflexão da inteligência sobre si mesma,
um sistema operatório de segunda potência, que opera com proposições.
Segundo Piaget uma das consequências de se adquirir pensamento operatório
formal é a capacidade de construir provas lógicas em que a conclusão seguem a
necessidade lógica. Essa habilidade constitui o raciocínio dedutivo.
O pensamento do adolescente difere-se do pensamento da criança, ou seja, a
criança consegue chegar a utilizar as operações concretas de classes, relações
e números, mas não as utiliza num sistema fundido único e total que é caracterizado
pela lógica do adolescente. O pensamento liberta-se da experiência directa e as
estruturas cognitivas da criança adquirem maturidade. Isso significa que a
qualidade potencial do seu pensamento ou raciocínio atinge o máximo quando as
operações formais se encontram plenamente desenvolvidas.
A criança não ultrapassa a lógica elementar de agrupamentos ou grupos
numéricos aditivos ou multiplicativos, apresentando deste modo, uma forma
elementar de reversibilidade. O adolescente apresenta a lógica das proposições
relacionando-a a estrutura de classes e das relações. O pensamento formal
encontrado nos adolescentes é explicado pelo facto de se poderem estabelecer as
coordenações entre os objectos que também se originam de determinadas etapas da
maturação deste sujeito.
No entanto, esta constituição da estrutura, não apenas tem ligação com o
aparato maturacional do sujeito, mas também com o meio social no qual este está
inserido. Para que o meio social actue sobre os indivíduos é necessário que
estes estejam em condições de assimilar as contribuições desse meio, havendo a
necessidade de uma maturação suficiente da capacidade cerebral deste indivíduo.
Estes factores estão relacionados dinamicamente.
Se o adolescente constrói teorias é porque de um lado, tornou-se capaz de
reflexão e, de outro, porque sua reflexão lhe permite fugir do concreto actual
na direcção do possível e do abstracto. A lógica não é algo "estranho” a
vida do sujeito, é justamente a expressão das coordenações operatórias
necessárias para atingir determinada acção.
O pensamento do adolescente tem a necessidade de construir novas teorias
sobre as concepções já dadas, no meio social, tentando chegar a uma concepção
das coisas que lhe seja própria e que lhe traga mais sucesso que seus
antecessores.
São característicos do processo de pensamento, os patamares de
desenvolvimento, que leva o nível mais elementar de egocentrismo à
descentração, subordinando o conhecimento sempre a uma constante revisão das
perspectivas.
O adolescente exercita ideias no campo do possível e formula hipóteses, tem
o poder de construir à sua vontade reflexões e teorias. Com estas capacidades,
o adolescente começa a definir conceitos e valores. Neste sentido,
caracteriza-se a adolescência por um egocentrismo cognitivo, pois o adolescente
acredita que é capaz de resolver todos os problemas que aparecem, considerando
as suas próprias concepções como as mais corretas (crença na omnipotência da
reflexão).
A propriedade geral mais importante do pensamento operacional formal, a
partir da qual Piaget deriva todas as demais, refere-se à distinção entre o
real e o possível. Ao contrário da criança que se encontra num período
operacional concreto, o adolescente, ao começar a examinar um problema com que
se defronta, tenta imaginar todas as relações possíveis que seriam válidas no
caso dos dados em questão; a seguir, através de uma combinação de procedimentos
de experimentação e de análise lógica, tentando verificar quais destas relações
possíveis são realmente verdadeiras.
Uma estratégia cognitiva que tenta determinar a realidade no contexto das
possibilidades tem um carácter fundamentalmente hipotético-dedutivo. O
adolescente ingressa corajosamente no reino hipotético.
O pensamento formal é um pensamento proposicional. As mais importantes entidades
que o adolescente manipula, ao raciocinar deixaram de ser os dados rudimentares
da realidade e passaram a ser afirmações que contem estes dados. O que é
realmente alcançado entre os 7 e 11 anos de idade, é a cognição organizada de
objectos e acontecimentos concretos. O adolescente realiza estas operações, mas
realiza também algo que as transcende, algo necessário que é precisamente o que
faz com que seu pensamento seja formal e não mais concreto. Ele toma os
resultados destas operações concretas, formula-os sob a forma de proposições e
continua a operar com eles, ou seja, estabelece vários tipos de conexão lógica
entre eles. Portanto, as operações formais, na realidade, são operações
realizadas com os resultados de operações anteriores.
A partir destas considerações pode-se estabelecer um paradigma inicial de
como os adolescentes pensam. Inicialmente organizam os vários elementos dos
dados brutos com as técnicas operacionais concretas dos anos intermediários da
infância. A seguir estes elementos organizados são transformados em afirmações
ou proposições que podem ser combinadas de várias maneiras. Através do método
de análise combinatória, eles examinam isoladamente todas as combinações
diferentes destas proposições.
Para Piaget o pensamento formal é uma orientação generalizada, explícita ou
implícita, para solução de problemas: uma orientação no sentido de organizar os
dados, isolar e controlar variáveis, formular hipóteses e justificar e provar
logicamente os factos.
As operações formais podem ser caracterizadas não só em termos
descritivo-verbais gerais, como também em termos das estruturas
lógico-matemáticas que são seus modelos abstractos. As operações
interposicionais não são acções isoladas sem relações mútuas. Tal como os
agrupamentos das operações intraposicionais dos anos intermediários da
infância, elas formam um sistema integrado, e o problema consiste em determinar
a estrutura formal deste sistema.
O conjunto de instrumentos conceituais que Piaget chama de esquemas
operacionais formais encontra-se num nível intermediário de generalidade.
Grande parte da diferença existente entre o comportamento diário da criança
e do adolescente pode ser expressa da seguinte maneira: o adolescente, como a
criança vive no presente, mas ao contrário da criança também vive muito na
dimensão ausente, isto é no futuro e o no reino do hipotético. Seu mundo
conceitual está povoado de teorias informais sobre si mesmo e sobre a vida,
cheio de planos para o seu futuro e o da sociedade, em resumo, cheio de ideias
que transcendem a situação imediata, as relações interpessoais atuais, etc.
2. O Pensamento e as suas Operações
O que surpreende no adolescente é o seu interesse por problemas inabituais,
sem relação com as realidades vividas no dia-a-dia, ou por aqueles que
antecipam, com uma ingenuidade desconcertante, as situações futuras do mundo,
muitas vezes utópicas, com uma facilidade de elaborar teorias abstractas.
Existem alguns que escrevem que criam uma filosofia, uma política, uma estética
ou outra coisa. Outros não escrevem, mas falam.
Por volta dos onze a doze anos efectua-se uma transformação fundamental no
pensamento da criança, que marca o término das operações construídas durante a
segunda infância; é a passagem do pensamento concreto para o “formal”
(hipotético-dedutivo).
Quais são na realidade, as condições de construção do pensamento formal?
Para criança, trata-se não somente de aplicar as operações aos objectos, ou
melhor, de executar, em pensamento, acções possíveis sobre estes objectos, mas
de reflectir estas operações independentemente dos objectos e de substituí-las
por simples proposições.
O pensamento concreto é a representação de uma acção possível, e o formal é
a representação de uma representação de acções possíveis.
As operações formais fornecem ao pensamento um novo poder, que consiste em
destacá-lo e libertá-lo do real, permitindo-lhe, assim, construir a seu modo as
reflexões e teorias.
3. Processo adaptativo do indivíduo
As reflexões precedentes poderiam levar a crer que o desenvolvimento mental
termina por volta de onze anos ou doze anos, e que a adolescência é
simplesmente uma crise passageira, devida à puberdade, que separa a infância da
idade adulta. A maturação do instinto sexual é marcada por desequilíbrios
momentâneos, que dão um colorido afectivo muito característico a todo este
ultimo período da evolução psíquica.
Embora o conteúdo exacto das ideias do adolescente varie, tanto numa mesma
cultura como em culturas diferentes, este fato não deveria obscurecer aquilo
que, segundo Piaget, é o denominador comum importante: a criança se ocupa,
sobretudo com o presente, com o aqui e a agora, o adolescente amplia seu âmbito
conceitual e inclui o hipotético, o futuro e o espacialmente remoto. Esta
diferença tem um significado adaptativo. O adolescente começa a assumir papéis
adultos; para ele o mundo de possibilidades futuras pessoalmente relevantes -
escolha profissional, escolha do cônjuge, etc. - passa a ser o objecto de
reflexão mais importante. De modo semelhante, o adulto que ele será em breve
deverá relacionar-se intelectualmente com colectividades sociais muito menos
concretas e imediatas do que a família e o círculo de amigos: a cidade, o
estado, os pais, o sindicato, a igreja, etc.
Em geral, o adolescente pretende inserir-se na sociedade dos adultos por
meio de projectos, de programas de vida, de sistemas muitas vezes teóricos, de
planos de reformas políticas ou sociais.
A verdadeira adaptação à sociedade vai-se fazer automaticamente quando o
adolescente, de reformador, transformar-se em realizador. A experiência
reconcilia o pensamento formal com a realidade das coisas, o trabalho efectivo
e constante, desde que empreendido em situação concreta e bem definida, cura
todos os devaneios.
Assim é o desenvolvimento mental, constata-se que a unidade profunda dos
processos que da construção do universo prático, devido à inteligência senso-motora
do lactente, chega à reconstrução do mundo pelo pensamento hipotético-dedutivo
do adolescente, passando pelo conhecimento do universo concreto devido ao
sistema de operações da segunda infância.
Estas construções sucessivas consistem em descentralização do ponto de
vista, imediato e egocêntrico, para situá-lo em coordenação mais
ampla de relações e noções, de maneira que cada novo agrupamento terminal
integre a actividade própria, adaptando-a a uma realidade mais global. A afectividade
liberta-se pouco a pouco do eu para se submeter, graças à reciprocidade e a
coordenação dos valores, às leis da cooperação; a afectividade que atribui
valor às actividades e lhes regula a energia, mas ela atua em conjunto com a
inteligência, que lhe fornece meios e esclarece fins.
Sem comentários:
Enviar um comentário