Erickson defende que a energia activadora do comportamento é de natureza
psicossocial, integrando não apenas factores pulsionais biológicos e inatos,
como a libido, mas também factores sociais, aprendidos em contextos
histórico-culturais específicos.
Desenvolvimento psicossocial é sinónimo de desenvolvimento
da personalidade e decorre ao longo de oito estágios que, no seu
conjunto, constituem o ciclo da vida. Cada estágio corresponde à formação de um
aspecto particular da personalidade
Um dos conceitos fundamentais na teoria de Erickson é o de crise ou conflito que
o indivíduo vive ao longo dos períodos por que vai passando, desde o nascimento
até ao final da vida. Cada conflito tem de ser resolvido positiva ou
negativamente pelo indivíduo.
A resolução positiva traduz-se numa virtude, que é um
ganho psicológico, emocional e social: uma qualidade, um valor, um sentimento,
em suma, uma característica de personalidade que lhe confere equilíbrio mental
e capacidade de um bom relacionamento social.
Se a resolução da crise for negativa, o indivíduo sentir-se-á
socialmente desajustado e tenderá a desenvolver sentimentos de ansiedade e de
fracasso. Contudo, numa fase posterior, a pessoa pode passar por vivências que
lhe refaçam o equilíbrio e o compensem, reconstruindo-lhe o seu auto-conceito.
O conceito de crise é desenvolvido, sublinhando as incertezas e indagações
do adolescente no sentido de descobrir quem é e de definir o que virá a ser no
futuro. A resposta à inquietação do adolescente só é conseguida pela tomada de
consciência de si, do seu ego e de que está apto a assumir a sua verdadeira
identidade.
Neste trajecto repleto de interrogações pode necessitar de uma ou várias
moratórias, antes da integração de todos os “eus” num conceito de si como ser
único e disposto a arcar com as responsabilidades inerentes à construção do seu
projecto existencial de vida.
Apesar de ter de ser feita interiormente pelo próprio indivíduo, a
construção da identidade necessita do contributo das pessoas significativas com
que o adolescente convive. Estas funcionam como um modelo de identificação. Por
outro lado, funcionam como um espelho que lhe devolve a imagem que a sociedade
tem a seu respeito.
Em termos da constatação da personalidade, Erickson considera a
adolescência como a fase mais crítica do ciclo vital. Porém, a crise da
identidade pode ocorrer em qualquer fase da vida do indivíduo, manifestando-se
por sentimentos incomodativos que se evidenciam por um mal estar típico de quem
“não se sente bem na sua pele”.
Erik Erickson afirmava que um indivíduo tinha de construir a sua
personalidade durante a adolescência, porém essa construção não era
feita de um mesmo modo para todos os adolescentes, ou seja, não era feita de um
modo padronizado e linear. Durante esta fase da vida há sempre procura de algo
mais, há crises, indecisões, situações conflituosas que têm de ser resolvidas
de um modo ou de outro.
Como se sabe, os adolescentes não têm sempre o mesmo tipo de atitudes, ou
seja, vacilamos entre vários tipos de identidade, transitando de uns para
outros.
Uma vez construída a personalidade, isso não confere um carácter rígido à
personalidade, continuando o indivíduo a reorganizar, a cada momento, os
elementos integrantes da sua personalidade, ajustando-a, portanto às diversas
circunstâncias, do cotidiano, que nos vão surgindo.
Erickson coloca as dimensões institucional, sociocultural, histórica e
biológica em interacção, no entrecruzamento dessas influências, Erickson
elaborou oito etapas de desenvolvimento psicossocial para representar momentos
diferentes de investimento da energia psíquica. É uma etapa que impele o
indivíduo a uma redefinição da própria identidade, ao avaliar sua inserção no
plano espaço-temporal, integrando o passado, com suas identificações e
conflitos, ao futuro, com suas perspectivas e antecipações. Erickson insiste na
necessidade de o adolescente fazer uma integração do seu passado e futuro,
através de um processo de recapitulação e antecipação.
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